quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cordel do Teatro do Oprimido


No final do mês de julho, nós da RECID SC participamos do segundo módulo do Curso de Formação de Multiplicadores do Teatro do Oprimido. Nessa etapa do curso os educadores multiplicadores compartilharam suas experiências de multiplicação do TO e esclareceram algumas questões quanto a aplicação de algum jogo, técnica ou exercício que observaram no momento da multiplicação. Foi também o momento de conhecer alguns grupos que estavam se formando, contribuir na elaboração da cena do fórum desse grupo se aprofundar no conhecimento das técnicas de dramaturgia, texto, música, cenário e figurino. Foi um momento muito rico para todos. 
Esse foi o momento de qualificar nossa expressão de maneira que consigamos emocionar, significar, comunicar através do som, imagem, movimento.
Esse módulo inspirou nosso colega Nado Gonçalves que fez um cordel onde retrata de maneira muito bem humorada os participantes desse módulo no curso.

Abaixo leiam o Cordel do TO


CORDEL DO TO

Tudo que eu vou contar
Foi de coisas que eu vivi
Pelas estradas da v ida
Muita gente conheci
Gente Forte, gente amiga
De luta, oprimida
Que nunca mais esqueci

Tem um que ri de si mesmo
E ri com vontade
Grande, forte, destemido
Ízide o conhece com propriedade
Solta pipa, roda pião
Dança ciranda, dá a mão
Ás crianças da cidade

Tem outro que chegou mais tarde
Gosta de samba canção
De soltar a voz do nada
Parece um caldeirão
Bicho solto, movimento
Cada um em cada tempo
Alma nova aposentada

Tem ainda os que faltaram
E foram pegar pincel
Escolheram as suas cores
Como pintassem o céu
Quatro mãos em sintonia
Vivendo grande alegria
Nunca os vi tocar um Creu


Outro que me lembro
É quente como o Sol
Aproveita no sul da ilha
Os povos do arrebol
Traz sua filha contente
Apresenta a toda gente
A luta do bem e do mal

Revejo amiga das antigas
Ela chega lentamente
Suas costas com cuidados
Nem tudo pode estar presente
Ai, ui essa não posso
Eu sou de carne e osso
Oh, teatro diferente!

Tem duas com cara de índias
Vivem debaixo do mesmo teto
Capoeiristas de verdade
Tambor sempre por perto
Nas baladas da noite
Nas histórias de açoite
O mundo não é deserto

Tem mais duas que chegaram de longe
Uma cuida da mente, outra da hora
O teatro as convida
Vamo embora...
Pra aprender mais um pouco
Desse tetro muito louco
Do fazer aqui, agora

Tem um fulano boa gente
Por ele tenho carinho...
Oh!Conheço desde “pequenu”
Foi la que cruzamos caminho
A Márcia me apresentou
Um aperto de mão selou
Ele é verso e estribilho

Tem outro que é mais recente
Tem a força de um leão
Quem o vê não imagina
As linhas de sua mão
Lava rostos, pinta e cria
Tudo, na mais profunda sintonia
O seu grupo em expansão

E duas que se embrenham
Nesse teatro- comunidade
Foram parar num Conto
Canto da felicidade
De ver delegado, mulher e bandido
Tudo junto, reunido
Para um fórum de verdade

Tem aquele radical
Que gosta de ir a raiz
Voa, surfa, se desafia
Fez o que sempre quis
Coordena publicação e poesia
Adora o cheiro da maresia
Isso tudo para ser feliz

Tem um também que é camarada
Pros quesitos da comida
No primeiro TO... sanduíche!
Que nada!Vamo é pra linguiçada
Um tijolo palha e carvão
Coca cola isqueiro e pão
A amizade rateada

Tem um rapaz interessante
Gosta de sonoplastia
Bate no corpo, faz um som
Até parece bruxaria
Puxa como um cantador
Parece um galo crivador
Que a cidade acordaria

E outra que conheço
A muito tempo distante
Esta é sindicalista
Sempre na linha de frente
Reconheci nas “Madalena”
Um personagem... vale a pena
Um tambor que diz bastante

E outra também sindicalista
Agora da prefeitura
Boa gente, sorriso aberto
O que qués ó criatura
Eu; contribuir
No boteco: beber, comer e rir
No TO... as esculturas

E tem aquele que veio
Uma mala vem puxando
Dançou, pulou, brincou
Sua risada é um espanto
Sua mãe coordenadora
O seu som uma pandora
Um músico e tanto

E tem mais a parceria
De um casal interessante
Ele vem de “maverik”
Com a sua tripulante
De muletas, devagar
Cuidado onde sentar
Ó TO pra mexer com a gente

E tem aquela moça
Que andava pela cidade
Fazendo cartilhas pras meninas e meninos
E pra gente de todas as idades
Conheceu o Teatro do Oprimido
Um teatro dá sentido
A essa moça humanidade

Tem também a grande mestra
Por ela tenho paixão
Coordena o nosso FOFA
Mulher da multiplicação
Tem no teatro comunidade
O vínculo com a sociedade
Construindo o nosso chão

E tem aquela que movimenta
Seus jogos, que diversão!!!
Vem ensinar o que sabe
“pessoas” prestem atenção

O Teatro do Oprimido
De muitos jeitos pode ser lido
Esqueça a fala. Ação!!!

E tem aquele que não veio
Mas sempre estará presente
Nós falamos muito dele
Sempre vivo em nossas mentes
Criou o Teatro do Oprimido
Foi exilado, perseguido e querido
Agradeço por toda gente

E como cordelista aprendiz
Venho aqui me apresentar
Sou Nado Gonçalves
Gosto de aprender e de ensinar
Alguns dizem que não tenho limites
Outros que preciso de um arrebite
O certo é que erro muito, com vontade de acertar

E aqui me despeço
Obrigado pela atenção
Tentei fazer mesmo que no TO
Como nos desenhos, músicas, imagens, encenação
Para alimentar nos amigos
Isso tem a ver comigo!!!
O poder da imaginação


Ilha de santa Catarina, agosto de 2011.
Nado Gonçalves





Momento TO: Foto para Augusto Boal
Momento TO: Foto para Tiririca





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